Crise na saúde

Reabertura da maternidade da Santa Casa de Pelotas não está garantida

Incerteza foi formalizada ao Ministério Público, à Secretaria de Saúde e ao Conselho Municipal

Carlos Queiroz -

A reabertura da maternidade da Santa Casa de Misericórdia, prevista para este sábado (1º), não está garantida. O motivo é um impasse sobre o número de pediatras de plantão. A incerteza foi formalizada - por escrito - ao Ministério Público (MP), à Secretaria de Saúde de Pelotas e ao Conselho Municipal de Saúde. E o pior: com a Unidade de portas cerradas, desde agosto, as grávidas de baixo risco seguem vulneráveis a uma mesma cena: ser transferidas a hospitais da região ou darem à luz seus filhos no Pronto-Socorro de Pelotas (PSP); algo impensado durante o pré-natal.

No começo da tarde, o provedor da Santa Casa, Lauro Ferreira de Melo, foi enfático: "Se permanecer esta situação, ficamos impossibilitados de reabrir". A declaração levava em conta a reivindicação dos médicos pediatras de que as escalas tenham dois profissionais de prontidão para acompanhar os dois obstetras por plantão, já assegurados. "Não temos recursos para isso. Para ter dois pediatras por plantão calculamos que seriam necessários cerca de R$ 80 mil a mais por mês", explica.

E assegura que o endividamento do hospital não comportaria assumir mais este compromisso. Do contrário, em breve, a Santa Casa correria o risco de não dispor de verbas ao pagamento de honorários nem à compra de medicamentos. O provedor ainda fez questão de lembrar que a reabertura da maternidade neste 1º de dezembro só seria possível porque a prefeitura se comprometeu em repassar R$ 150 mil por mês; que reduziria o déficit mensal - com a estrutura para o nascimento de bebês - de R$ 170 mil para R$ 20 mil.

A Provedoria também embasa-se em recomendação do Conselho Federal de Medicina de que as escalas poderiam ser cumpridas com dois obstetras e um único pediatra. Enquanto uma dupla estaria de prontidão na Sala de Parto, o outro obstetra estaria à disposição para acompanhar as gestantes em trabalho de parto; algo que até o fechamento da maternidade não ocorria na Santa Casa de Pelotas - pois havia só um obstetra por escala.

"Se consideramos este argumento de que precisamos de duas duplas por causa das salas de parto, então, igual estaríamos deixando desassistidas as grávidas que estão em trabalho de parto, porque não teríamos como ter um terceiro obstetra", argumenta Melo. E defende: "Surgiu um exagero. Teríamos que nos preparar para o impossível", reforça e lembra que a maternidade da Santa Casa é referência a pacientes de baixo risco.

Expectativa
No final da tarde, um grupo de outros sete pediatras teria manifestado interesse em assumir os plantões. Os médicos já receberam as minutas dos contratos, analisam o material e há expectativa de que montem as escalas para atuar na Santa Casa. Apenas nesta sexta, entretanto, haverá a confirmação.


A posição do Simers
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) agarra-se a portarias do Ministério da Saúde para reforçar a figura do pediatra como imprescindível na Sala de Parto. Ao se pronunciar na tarde desta quinta-feira (29), um representante da entidade, em Porto Alegre, defendeu a importância do parto humanizado e garantiu que o número elevado de atendimentos na Santa Casa de Misericórdia faz com que dois bebês nasçam, sim, simultaneamente.

"O hospital tem contado com a sorte. Até um dia que vai dar um problema", cutuca. E assegura que os profissionais há muito tempo se queixam da sobrecarga de trabalho e da pressão emocional para enfrentar o dia a dia. Daí a posição de que obstetras e pediatras deveriam ser em igual número nas escalas.

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